Metabolismo Feminino: explore seu potencial

A correria imposta pela rotina desgastante da mulher moderna vem trazendo à tona uma fragilidade já esquecida. Na tentativa de dar conta de tantos compromissos e funções de maneira plena, a saúde feminina tem sido sacrificada. Porém, a mesma modernidade que trouxe para a mulher a carga pesada da jornada tripla, possibilitou também maior poder de escolha e conhecimento para explorar seu próprio potencial.
Pensando nessa busca constante de qualidade de vida, deixo aqui algumas dicas de como encontrar esse equilíbrio:

COMA A CADA 3 HORAS

A privação alimentar prolongada libera um um hormônio chamado cortisol, que faz acúmulo de gordura visceral (abdominal).
Caso você permaneça em jejum prolongado, isso funciona como um evento de estresse para o organismo e ocorre o aumento do cortisol. O fracionamento alimentar também ajuda a emagrecer, pois evita que você esteja com muita fome nas refeições principais e acabe abusando das calorias por falta de atenção.

DIMINUA A INGESTÃO DE AÇÚCAR

Isso ajuda a modular o hormônio insulina, que, quando está em quantidade correta, diminui a gordura depositada e facilita o aumento da massa muscular, além de diminuir o risco para desenvolvimento do diabetes através do menor desgaste imposto ao pâncreas .

FUJA DO ESTRESSE

Nesse caso também há liberação do cortisol, iniciando uma variedade de alterações:

Obesidade: quem é muito ansiosa e estressada acaba comendo sem perceber – isso sem contar que o metabolismo acelerado aumenta o apetite.

Irregularidade menstrual: o ciclo pode sofrer uma reviravolta por causa do estresse. Em alguns casos a mulher chega até a parar de menstruar.

Infertilidade: casais com nível de ansiedade elevado podem ter o sistema reprodutor comprometido e, por isso, apresentar dificuldade para engravidar. Não é à toa que muitas mulheres se descobrem grávidas depois que se esquecem do assunto.

Problemas gastrointestinais: a tensão constante pode causar prisão de ventre, diarréia, gastrite e úlcera.

Câncer: de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e publicado na revista Nature, o estresse seria capaz de emitir sinais para que as células desenvolvam tumores.

Doenças cardíacas: Maiores chances de infarto e hipertensão arterial.

DURMA BEM

O hormônio do crescimento (GH) tem sua maior ação à noite e age na prevenção do acúmulo de gordura. Dormir menos que o recomendado (6 a 8 horas em média) ou acordar diversas vezes durante a noite em decorrência de distúrbios como apnéia e insônia podem causar mais malefícios ao organismo do que imaginamos. O sono de qualidade ruim desorganiza o metabolismo e prejudica a síntese de alguns hormônios, favorecendo diversas doenças como obesidade e depressão.

EVITE DIETAS RÁPIDAS E/OU RESTRITIVAS

A liberação das catecolaminas através da perda de peso de forma saudável e progressiva, diminuem a gordura visceral e também a ingestão alimentar.
Evite dietas altamente restritivas, pois nossas células precisam de todo tipo de nutrientes. então faça escolhas alimentares de maior qualidade.

ATIVIDADE FÍSICA SEMPRE!

Facilita a ação da maioria dos hormônios, influenciando na distribuição corporal e controle dos níveis de açúcar sanguíneo.
O exercício, especialmente as atividades lúdicas como nadar, correr, dançar, ajuda a diminuir o estresse e consequentemente regular o cortisol.

TPM: UMA FASE DIFÍCIL

Nesse período, a mudança hormonal deixa a mulher mais sujeita à alterações de humor e ávida por doces, pois a queda de estrógeno derruba também a serotonina, substância ligada à sensação de bem-estar. E é justamente a falta dela, que provoca o desejo irresistível por doces. Já a progesterona aumenta a retenção de líquidos, o que pode levar a um ganho de até 2 quilos no período.

VIGIE SUA TIREÓIDE

As doenças de tireóide mais comuns no sexo feminino e afetam cerca de 10% das mulheres acima de 40 anos e em torno de 20% das que têm mais de 60 anos. Quando a tireóide não funciona de maneira correta, pode liberar hormônios em quantidade insuficiente, causando o hipotireoidismo, ou em excesso, ocasionando o hipertireoidismo.
Quando ocorre o hipotireoidismo, o coração bate mais devagar, o intestino não funciona corretamente, o cabelo pode cair e além disso pode ocorrer diminuição da memória, cansaço excessivo, dores musculares e articulares, sonolência, aumento dos níveis de colesterol, depressão e aumento de peso secundário à uma diminuição do gasto energético e edema.
No caso de hipertireoidismo, geralmente ocorre emagrecimento, palpitações, agitação, insônia e tremores, levando também à uma fadiga crônica.
Consulte sempre seu médico, para solicitar a dosagem do hormônio TSH, quando ele julgar necessário, para o diagnóstico dessas doenças.

MENOPAUSA

Menopausa é o período fisiológico após a última menstruação espontânea da mulher. Nesse espaço de tempo estão sendo encerrados os ciclos menstruais e ovulatórios. O tempo de transição que antecede a menopausa é chamado de climatério. Ele representa a passagem da fase reprodutiva da mulher para a não reprodutiva. O organismo deixa de produzir, de forma lenta e gradativa, os hormônios estrogênio e progesterona.
A menopausa é mais um estágio na vida da mulher. Nesse período ocorrem transformações no organismo feminino, que aumentam a possibilidade de aparecimento e agravamento de doenças.
Fique atenta para os sintomas dessa fase:

  • Ausência da menstruação;
  • Ressecamento vaginal (secura);
  • Ondas de calor;
  • Suores noturnos;
  • Insônia;
  • Diminuição no desejo sexual;
  • Diminuição da atenção e memória;
  • Perda de massa óssea (osteoporose);
  • Aumento do risco cardiovascular;
  • Alterações na distribuição da gordura corporal;
  • Depressão.

Caso apresente esses sintomas, consulte sempre seu médico, pois a terapia de reposição hormonal, quando bem indicada, agregará um ganho expressivo na sua qualidade de vida.

Rafaela Perraro Sanderson
Médica Endocrinologista
Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM